sábado, 2 de junho de 2018

Jesus, a Manifestação do Cristo



A vida e morte de Jesus deve ser vista como uma alegoria, uma parábola, deve ser interpretada interiormente, assim como os mitos egípcios, gregos, etc... para isso são necessárias algumas chaves para compreensão dos ensinamentos dos grandes mestres. Essas chaves esclarecem oque está verdadeiramente contido nas alegorias, nas parábolas. O nascimento, o batismo, a transfiguração, a morte, a ressurreição e a ascensão ao céu, que nada mais são do que processos de iniciações dá alma, a morte para o mundo terreno vivifica o espírito.
Quando o discípulo esta pronto o mestre aparece, e só nesse momento o mestre instrui o neófito, pois o conhecimento e a sabedoria devem ser merecidos, e entregues somente a quem realmente estiver pronto e de coração puro, caso contrário seria uma grande tragédia, em mãos profanas, a própria legislação de Atenas, onde existiam escolas de mistérios, punia as pessoas que falavam oque acontecia nos rituais de iniciações, na melhor das intenções, que era fazer com que o conhecimento das leis divinas não caíssem em mãos trevosas, que usariam tal conhecimento de forma egoísta em oposição ao plano de Divino. Aqueles que compreendiam o verdadeiro significado dos mitos, firmavam um pacto de silencio e se o transgredissem revelando a algum profano, eram punidos; o iniciado deve percorrer um longo caminho de provações, iniciações nos mistérios.


Mateus 13
 “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
“Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;”
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.”
“Porque o coração deste povo está endurecido, e ouvirão de mal grado com seus ouvidos”.



Abaixo transcrevo Raul Branco:

*A primeira iniciação é nascimento é quando a nasce na consciência a luz do mundo, a luz da espiritualidade, Jesus representa a centelha divina no homem, o Cristo. Sua mãe, Maria, simboliza a alma espiritual, situada no plano mental superior. José, seu pai, figura como a mente inferior. Por isso, não foi José quem gerou a criança, pois a luz da intuição não pode ser gerada pela mente concreta. Todo o cenário do nascimento é uma alegoria, uma parábola, assim como toa a vida de jesus,

*A segunda iniciação é o batismo, o mergulho na água, a água é o símbolo das emoções, das paixões, o mergulho representa a sintonia com a dor do próximo, aceitar compartilhar a dor do semelhante.

*A terceira iniciação seria, então, simbolizada pela comunhão do pão e do vinho dos doze apóstolos. Toda a cena e seus personagens, no seu sentido esotérico, deve ser entendida como simbólica. Jesus e seus doze apóstolos simbolizam a totalidade do ser humano, sendo a casa onde ocorre a ceia a representação do corpo físico, o templo de Deus. A ceia tem lugar no pavimento superior (Lc 22:11), ou seja, num estado de consciência elevado. Jesus representa a natureza divina do homem, o Cristo interior. Os doze apóstolos personificam as características do homem no mundo, com suas qualidades e fraquezas.[2] Pedro, por exemplo, representa a impulsividade e pusilanimidade do homem que ainda não aprendeu a controlar suas emoções. Judas, o traidor, com sua cobiça e ambição, simboliza o lado sombra que acompanha todo discípulo até as últimas etapas do caminho. João, o discípulo que Jesus amava, retrata a alma, a unidade de consciência, que busca a inspiração do Alto, simbolicamente reclinando sua cabeça (símbolo da mente) sobre o coração de Jesus (símbolo do Cristo interior), para aí permanecer no aguardo da Graça Divina. 
A sagrada eucaristia representa a integração do ser humano. Os aspectos da natureza humana, com suas negatividades e qualidades, os doze discípulos, recebem de Jesus, o pão e o vinho, símbolos da carne e sangue do Cristo, com a admoestação: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6:53). Obviamente Jesus estava falando em linguagem cifrada, indicando que a carne do Cristo significa o conhecimento espiritual, o sagrado alimento que confere iluminação ao intelecto humano. O sangue de Cristo simboliza a vida divina, o fluido essencial que constantemente se verte sobre todo o universo, sem a qual nenhum ser poderia viver. A consciência da divina presença no homem iluminado confere a certeza da imortalidade da natureza superior do homem, a vida eterna de que nos fala a Bíblia.[3]  Após a exaltação conferida pela terceira iniciação, a inexorável lei divina da harmonia leva o iniciado a experimentar o seu oposto. No relato bíblico isso é apresentado como a experiência no Getsêmani, que ocorre apropriadamente após a ceia pascal (Mt 26:36-45). Jesus convida três de seus discípulos mais próximos a acompanhá-lo, para juntos orarem. Mas naquele momento de angústia, em que o iniciado descortina sua missão e os sacrifícios e sofrimentos que lhe sobrevirão, ele verifica que está só. Não conseguirá nenhum apoio externo ou interno nesse momento de solidão, o que é simbolizado nos evangelhos pelos discípulos dormindo durante a oração (Mt 26:40-45). Numa atitude normal a qualquer ser humano, ao perceber o intenso sofrimento que lhe aguardava, Jesus invoca a Deus e diz: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice” (Lc 22:42). Porém, como iniciado comprometido com a missão de redenção da humanidade, aceita as conseqüências de uma vida altruísta de total desapego, ainda que ao preço de sua própria vida, e submete-se humildemente à vontade divina.

*A quarta iniciação é representada na morte e na ressureição, Os sofrimentos intensos pelos quais passa o iniciado que aceita carregar a cruz do mundo e assumir parte do pesado carma da humanidade. A morte para o mundo e a ressurreição para a vida eterna, os dois aspectos complementares que simbolizam a quarta iniciação, têm lugar em Jerusalém, a cidade santa. O iniciado deve entrar nesse elevado estado de consciência em plena posse de suas faculdades humanas, ou seja, num corpo físico. Isso é simbolizado pela entrada de Jesus em Jerusalém montado num jumento, um quadrúpede domesticado, que representa os quatro corpos inferiores do homem (físico, etérico, astral e mental concreto) devidamente disciplinado.
O julgamento é feito por Pilatos, o governante da ordem exterior, que simboliza a personalidade. Jesus é devidamente apresentado como aquele que procura subverter a nação e, quando interrogado por Pilatos, confirma que é o Cristo, rei da natureza humana. A personalidade, ao lavar as mãos, procura, como sempre, justificar-se alegando não ter culpa por condenar um inocente, pois está atendendo ao clamor da plebe (as paixões) e à recomendação dos sacerdotes, os líderes da natureza inferior, que representam o egoísmo, a ignorância, o orgulho e a ambição. Seguindo a tradição, Pilatos pergunta ao povo se prefere a libertação de Jesus ou do criminoso Barrabás. As paixões pedem a crucificação da natureza divina e a libertação do criminoso com o qual, em sua ignorância, identificam-se. Porém, Barrabás significa, em aramaico, o filho do pai. Portanto, a natureza inferior, mesmo com a conivência da personalidade, jamais conseguirá matar o Cristo. Ao exigir a libertação do usurpador Barrabás, estará simplesmente permitindo que o filho do Pai celestial, que é a alma ignorante de sua verdadeira natureza, continue a vagar pelo mundo até redimir-se de todos seus crimes contra a grande Lei para, então, retornar à casa paterna como o Cristo triunfante.
A morte e a ressurreição do Cristo representam alegoricamente a quarta iniciação. O que morre não é o corpo físico, mas o sentido pessoal de separatividade. O que ressurge dos mortos é a alma agora consciente da unidade com o Todo e com todos os seres. A partir desse momento a alma pode deixar o sepulcro terreno, que é o corpo físico, sem nenhum lapso de consciência e entrar nas regiões superiores do mundo celestial.[9] A vivência da unidade confere ao iniciado uma profunda compaixão. Ele agora, além de procurar aliviar a dor dos que sofrem injustiças e violências, busca ajudar os injustos e criminosos. Ele sabe que o injustiçado, caso tenha a atitude correta, estará terminando seu ciclo cármico, enquanto o criminoso está iniciando o seu, atraindo para si pesada carga de sofrimento, na justa medida do sofrimento que causou. O iniciado só estará pronto para a quarta iniciação quando puder perdoar aqueles que lhe ferem, bem como os que ferem a todos os fracos e oprimidos, como Jesus, que em meio à agonia da crucificação, disse: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem” (Lc 23:34).

*A quinta iniciação representa a ascenção ao céu, a alma (Jesus) agora venceu a morte, porque morreu para o mundo. Simbolizando o término de seu ministério terreno, o iniciado diz, como Jesus na cruz: “Está terminado” (Jo 19:30) e “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46).
No relato bíblico Jesus retorna dos mortos e fica algum tempo instruindo seus discípulos, preparando-os para prosseguirem com o ministério de salvação das almas. Esse retorno ao mundo terreno, seja num corpo físico, seja num corpo sutil, dependendo dos textos consultados, comprova o compromisso do iniciado em permanecer em nossa esfera terrena instruindo e ajudando a humanidade. Chega finalmente o dia que, em grande glória, ele ascende ao céu. No texto Pistis Sophia a ascensão é descrita de forma tocante, com a descida de anjos portando seus mantos de luz. Uma vez envolvido na luz, Jesus é transfigurado e seus discípulos não podem agüentar o brilho de sua luz até que Jesus desaparece no alto. Jesus, como todo o adepto que recebeu a quinta iniciação, pode agora dizer: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10:30).

A quinta iniciação indica o término do aprendizado humano. O Mestre de Compaixão e Sabedoria alcança a perfeição e passa a ser um salvador de almas. Todas as tentativas de descrever a natureza desses excelsos seres são infrutíferas, pois não existe termo de comparação em nosso mundo terreno, já que eles agora pertencem a uma outra categoria de seres, muitas vezes descritos como divinos. São verdadeiros mensageiros plenipotenciários de Deus, trazendo, como Jesus, a eterna mensagem de salvação para as almas sofredoras. E essa é a meta que o Pai celestial estabeleceu para todos nós.

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