A evolução que está à nossa frente é tanto da vida quanto da
forma; pois em rondas futuras, quando os Egos ainda estarão crescendo
constantemente em poder, sabedoria e amor, as formas físicas serão também mais
belas e mais perfeitas do que jamais o foram. Temos neste mundo atualmente
homens em estágios muito distintos de evolução, e é claro que há vastas legiões
de selvagens que estão muito atrás das grandes raças civilizadas do mundo – tão
atrás que é praticamente impossível que eles as alcancem. Mais tarde no
decorrer de nossa evolução será atingido um ponto no qual já não será possível
para estas Almas subdesenvolvidas avançar ao lado das outras, portanto será
necessário que uma separação seja feita.
Isto com efeito é o que será dito, em um certo estágio em
nossa futura evolução, aos Egos mais atrasados. Eles saem da classe atual e
voltam com a próxima. Esta é a “condenação eônica”. É calculado que cerca de
dois quintos da humanidade deixem o grupo neste dia, permitindo aos três
quintos remanescentes avançar com muito maior rapidez para os gloriosos
destinos que estão à sua frente.
Quando um homem conseguiu desdobrar suas faculdades latentes
o bastante para atrair a atenção dos Mestres da Sabedoria, um d´Eles
provavelmente o receberá como aprendiz probacionário. O período de provação
usualmente é de sete anos, mas pode ser encurtado ou prolongado conforme a
consideração do Mestre. No fim deste período, se seu trabalho tiver sido
satisfatório, ele se torna o que é comumente chamado de discípulo aceito. Isto
o põe em estreita ligação com seu Mestre, para que as vibrações deste
constantemente atuem sobre ele, e ele gradualmente aprenda a ver tudo como o
Mestre vê. Após um outro período, se ele provar-se inteiramente digno, ele pode
ser trazido a uma relação ainda mais próxima, quando dizemos que ele se torna
filho do Mestre.
Estes três estágios marcam sua relação só com seu próprio
Mestre, não com a Fraternidade como um todo. A Fraternidade admite um homem em
suas fileiras somente quando ele primeiro preparou-se para passar pela primeira
das grandes Iniciações.
Esta entrada na
Fraternidade d´Aqueles que governam o mundo pode ser imaginada como o terceiro
dos três grandes pontos críticos na evolução do homem. O primeiro deles é
quando ele se torna um homem – quando se individualiza e sai do reino animal e
obtém um corpo causal. O segundo é o que os Cristãos chamam de “conversão”, e
os Hindus “aquisição de discernimento”, e os Budistas “abertura das portas da
mente”. Este é o ponto em que ele compreende os grandes fatos da vida, e abandona
a busca de objetivos egoístas a fim de mover-se intencionalmente ao longo da
grande corrente de evolução em obediência à Vontade Divina. O terceiro ponto é
o mais importante de todos, pois a Iniciação que o admite nas fileiras da
Fraternidade também o salva da possibilidade de falhar no propósito divino
eventualmente designado para ele. Por isso os que atingiram este ponto são
chamados no sistema Cristão de “eleitos”, ou “salvos”, e no esquema Budista
“aqueles que entraram na corrente”. Pois aqueles que atingiram este ponto
tornaram-se absolutamente seguros de chegar a um outro ponto ainda além – o do
Adeptado, no qual passarão para um tipo de evolução que é definitivamente
super-humano.
O homem que se tornou um Adepto cumpriu a Vontade Divina até
onde interessa a esta cadeia de mundos. Ele atingiu, já no ponto médio do éon evolutivo,
o estágio previsto para o atingimento humano só no fim do éon, que foi o caso
de Jesus Cristo, Buda, Krishna, Rama. Portanto ele é livre para preencher o tempo restante
seja ajudando seus semelhantes ou mesmo em um trabalho mais esplêndido em
conexão com outras e mais elevadas evoluções. Quem ainda não foi iniciado ainda
corre o risco de ser deixado para trás por nossa presente onda evolutiva,
caindo na próxima – a “condenação eônica” de que Cristo fala, que tem sido
traduzida erroneamente como “condenação eterna”. É deste destino de possível
falha eônica – isto é, uma falha durante esta era, ou dispensação, ou onda de
vida – que o homem que obtém a Iniciação é “salvo”. Ele terá “entrado para a
corrente” que agora deve conduzí-lo ao Adeptado nesta presente era, ainda que
lhe seja possível por suas ações apressar ou retardar seu progresso na Senda
que está trilhando.
Esta primeira
Iniciação corresponde à matrícula que admite um homem numa universidade, e a
obtenção do Adeptado à colação de grau no final do curso. Continuando o
paralelo, existem três exames intermediários, que usualmente chamamos de
segunda, terceira e quarta Iniciações, sendo o Adeptado a quinta. Uma idéia
geral da linha desta evolução superior pode ser obtida pelo estudo da lista do
que são chamados nos livros Budistas como “os grilhões” que devem ser
eliminados – as qualidades de que um homem deve se livrar ao trilhar a Senda.
São elas: a ilusão da separatividade; dúvida ou incerteza; superstição; apego
ao prazer; possibilidade de ódio; desejo por vida, seja neste ou em mundos superiores;
orgulho; agitação ou irritabilidade; e ignorância. O homem que chega ao nível
de Adepto esgotou todas as possibilidades de desenvolvimento moral, e assim a
evolução futura que se abre diante dele pode apenas significar mais amplo
conhecimento e poderes espirituais ainda mais estupendos.
(UM MANUAL DE TEOSOFIA - CHARLES. W. LEADBEATER)
O homem que deseja cooperar inteligentemente com a Vontade
Divina deve deixar de lado todo o pensamento de vantagem ou prazer para o eu
pessoal, e deve devotar-se exclusivamente ao cumprimento daquela Vontade
através do trabalho para o bem-estar e felicidade dos outros.
Para cada vício há uma virtude contrária; se encontramos um
deles se exaltando em nós, de imediato determinemo-nos deliberadamente a
desenvolver em nós a virtude contrária. Se um homem percebe que no passado ele
tem sido egoísta, isso significa que ele construiu em si o hábito de primeiro
pensar em si e agradar-se, de consultar sua própria conveniência ou seu prazer
sem a devida reflexão sobre seu efeito nos outros; que se disponha a trabalhar
intencionalmente para formar exatamente o hábito oposto, estabelecer uma
prática de antes de fazer qualquer coisa pensar como isso afetaria todos em seu
redor; que se habitue a agradar os outros, mesmo que seja ao preço de problemas
ou privação para si mesmo. Também isso com o tempo se tornará um hábito, e com
seu desenvolvimento ele terá matado o vício.
Se um homem se
encontra cheio de desconfiança, pronto para atribuir motivos perversos para as
ações daqueles à sua volta, que se proponha a constantemente cultivar a
confiança em seus companheiros, a dar-lhes crédito sempre pelos motivos mais
elevados possíveis. Pode ser dito que um homem que faz isso sujeita-se a ser
enganado, e que em muitos casos sua confiança será desperdiçada. Isso é de menos
importância; é muito melhor para ele que algumas vezes seja enganado como
resultado de sua confiança em seus companheiros do que prevenir-se de tal
engano mantendo uma constante atitude de suspeita. Além disso, a confiança
engendra a fidelidade. Um homem que é afiançado geralmente prova-se digno da
confiança, enquanto que um homem que é posto sob suspeita logo vem a justificar
tal desconfiança.
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