A verdade é uma terra sem caminhos, se você encontrar dentro
do seu coração, do seu entendimento, um ponto de apoio, que lhe de segurança e
não de margem para duvidas, e que você consiga com isso transparecer a
compaixão, o amor, o perdão, a impessoalidade e o altruísmo, então encontrou a
sua verdade. Mas tome cuidado com as ilusões de maya, discernimento é essencial
para trilhar os caminhos da espiritualidade.
Todos somos buscadores, e temos que ter em mente a comunhão,
a fraternidade. A filosofia esotérica concilia todas as religiões, despe-as de
suas vestimentas humanas exteriores e demonstra a raiz comum de todas elas, o
propósito não é julgar ou separar, mas sim, religar, que é o verdadeiro
significado da palavra religião.
"Não digais: ‘encontrei a verdade.‘ Dizei de
preferência ‘Encontrei uma verdade.‘
Não digais: ‘Encontrei o caminho da alma.‘ Dizei de
preferência: ‘Encontrei a alma andando em meu caminho.‘
Porque a alma anda por todos os caminhos.
A alma não marcha em linha reta nem cresce como um junco.
A alma desabrocha, qual um lótus de inúmeras
pétalas.”(Khalil Gibran)
A verdadeira filosofia esotérica nos faz perceber que
verdades apresentam a mesma origem, porem as tradições e culturas acabam as
diferenciando, mas citando um exemplo aqui, o Kama Loka que é uma localidade de
Kama Rupa (4º principio da constituição seténaria na teosofia) é o mesmo que
para os egípcios era chamado de Duat, para os gregos de Hades, para os cristãos
purgatório, espiritas chamam de umbral, a verdade esta contida em tudo,
resta-nos buscar a essência e aparar as arestas, não nos atermos simplesmente a
religião, que em muitos casos foi destorcida de sua idéia original. Alguns
sacerdotes realmente estão ali para exercitar sua fé, os sacramentos, alguns
realmente chegaram ali através do conhecimento original, sabem verdadeiramente
a origem dos símbolos, dos rituais, iniciaram verdadeiramente nos mistérios,
mas mesmo esses talvez não conseguirão transmitir a verdade para quem não
estiver apto a receber, a religião serve para reforçar a idéia, mas daí vem a
pergunta, “que ideia?”, aí é que esta o X da questão, busquem a essência.
A vida e morte de Jesus deve ser vista como uma alegoria,
uma parábola, deve ser interpretada interiormente, assim como os mitos
egípcios, gregos, etc... para isso são necessárias algumas chaves para
compreensão dos ensinamentos dos grandes mestres. Essas chaves esclarecem oque
está verdadeiramente contido nas alegorias, nas parábolas. O nascimento, o
batismo, a transfiguração, a morte, a ressurreição e a ascensão ao céu, que
nada mais são do que processos de iniciações dá alma, a morte para o mundo
terreno vivifica o espírito.
Quando o discípulo esta pronto o mestre aparece, e só nesse
momento o mestre instrui o neófito, pois o conhecimento e a sabedoria devem ser
merecidos, e entregues somente a quem realmente estiver pronto e de coração
puro, caso contrário seria uma grande tragédia, em mãos profanas, a própria
legislação de Atenas, onde existiam escolas de mistérios, punia as pessoas que
falavam oque acontecia nos rituais de iniciações, na melhor das intenções, que
era fazer com que o conhecimento das leis divinas não caíssem em mãos trevosas,
que usariam tal conhecimento de forma egoísta em oposição ao plano de Divino.
Aqueles que compreendiam o verdadeiro significado dos mitos, firmavam um pacto
de silencio; o iniciado deve percorrer um longo caminho de provações,
iniciações nos mistérios.
A iniciação nos Mistérios foi definida pelos antigos
filósofos como a suprema aventura da vida e o maior bem que pode ser conferido
à alma humana durante sua passagem pela terra. Platão, em Fedro, escreve sobre
a suprema importância da aceitação nos Ritos sagrados: "Assim, em conseqüência
desta iniciação divina, tornamo-nos espectadores de visões íntegras, simples,
inabaláveis e bemaventuradas numa luz pura, nós mesmos éramos puros, sem
mácula e livres desta veste que nos envolve e que chamamos corpo, ao qual
estamos agarrados como uma ostra à sua concha."
São Paulo também se refere à "experiência
interior" pela qual chegamos a SABER. Ele diz: "Falamos da sabedoria
entre os perfeitos, não da sabedoria deste mundo nem dos Arcontes (Governantes)
deste mundo, mas da sabedoria divina num mistério, num segredo, que nenhum dos
Arcontes deste mundo conhece." Uma iniciação é uma ampliação da
consciência para apreciar realidades universais. Os cerimoniais místicos dos
pagãos e dos primitivos cristãos nada mais eram que símbolos externos de processos
internos. Por meio de obscuros ritos e cerimônias alegóricas, os preciosos
arcanos (mistérios) da perfeição eram transmitidos de uma era para outra. Os
profanos ficavam satisfeitos com a solenidade das formas e rituais externos,
mas os Iniciados, aqueles que haviam recebido as chaves, aplicavam a sabedoria
que estava trancada dentro das alegorias para aperfeiçoar suas faculdades
espirituais internas.
Orígenes, o mais místico dos padres anti-Nicéia, no seu
prefácio a São João, admite a natureza dupla de todas as revelações teológicas:
"Para os de mentalidade literal (ou exotéricos) ensinamos o Evangelho da
maneira histórica, a pregação de Jesus Cristo e Sua crucificação, mas para os
entendidos, inflamados pelo amor à Sabedoria Divina (os esotéricos),
comunicamos o Logos (a Palavra).
A perfeição não é dada: ela é conquistada. Os homens não se
tornam sábios apenas assistindo a dramas sagrados... e sim, entendendo-os. O
simbolismo é a linguagem das verdades divinas, uma escrita por meio da qual
podem ser insinuadas coisas que, na realidade, não podem ser reveladas.
"Pois os símbolos místicos são bem conhecidos para nós que pertencemos à
Irmandade." (Plutarco).
Pela iniciação é estabelecida a regra das obras. O homem
divino e o divino no homem são trazidos à perfeição somente pelas obras. Os
iniciados das antigas escolas eram "sábios Mestres Construtores" com
visão para ver, coragem para fazer e sabedoria para manter silêncio. "O
segredo e o silêncio são observados em todos os Mistérios", escreveu
Tertuliano, criador da latinidade eclesiástica.
Carl Jung: “Não há despertar de consciência sem dor. As
pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar a
sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas
sim por tornar consciente a escuridão.”
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses. –
Sócrates
Mateus 13
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
“Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos
céus, mas a eles não lhes é dado;”
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não
vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.”
“Porque o coração deste povo está endurecido, e ouvirão de
mal grado com seus ouvidos”.
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